quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Mentes barulhentas



Mentes barulhentas não se fazem ouvir. Mentes barulhentas simplesmente não respiram. Mentes barulhentas são o silêncio do exposto e a perturbação de pensamentos. Mentes barulhentas são a triste realidade das incertezas do futuro, é mais como uma concentração de ideias num copo de água em plena tempestade.  Mentes barulhentas por vezes é isso, confusão instalada no que podia ser simples, no que em tudo podia ser simples, diferente e real. Não acabou, não começou, não existe. O sonho é a parte objectiva do passo que cada um dá, de todas as escolhas difíceis que toma ou que decide não tomar. Quero dizer que é essencial a chamada "condição ao erro", a probabilidade de chegar até ele é altamente inversa ao resultado se antes existir inteligência. Saber esperar é inteligente. Saber viver é inteligente. Saber aceitar ou negar é inteligente. A vida são dois dias, pelo menos é o que dizem, no entanto eu acho que se não houver condições para viver o de hoje e mesmo assim fazer disso um risco, amanhã será ainda pior. O isolamento nem sempre é um sinónimo de negatividade, por vezes é o que representa uma maior coragem e atitude para uma recuperação ou um criar de condições até à paz. Em vez de competição e de luta por lanternas, é mais inteligente inventar a própria luz, deste ou de outro jeito, mas alguma do tipo invejada e segura. Não prevejo o espectáculo, nem maravilhas, mas dou o que me compete ao tempo. Para o que eu quero e preciso é necessário por vezes atirar-me à rua, cair e levantar. As escolhas tem esse poder de consequência, quando tem que ser, a vida diz que tem que ser. Toda gente sabe que a cassete não vai rolar se não tiver condições para tal, se for forçada. Toda gente sabe portanto que por vezes uma decisão de pedra pode trazer mais rápido uma vida estável do que uma decisão bem leve. Mentes barulhentas é isto, a confusão de várias escolhas, do dia a dia, das pessoas, das inconformidades, das recordações, das imaginações, das tristezas, das alegrias, de tudo. Mentes barulhentas só quem as tem sabe a confusão que pode ser sobreviver para viver e viver para sobreviver, só quem as tem sabe o quanto difícil é qualquer coisa. 

domingo, 19 de janeiro de 2014

Uma estrela ♥




Eu posso fechar os meus olhos. Estou confiante, e posso fechar os meus olhos. Hoje eles têm uma palavra, um significado, um verdadeiro olhar, têm vida. Hoje os meus olhos não choram, eles conversam, imaginam, sonham, mas não choram...
Estava em pleno deserto e queria decidir. Confuso perdido, mas sabia o que tinha a fazer minimamente. Queria tomar decisões, dar início a uma recuperação e procurar um caminho para longe do inferno circular. Qualquer coisa que eu fosse decidir, poderia não ser suficiente, e mesmo que fosse uma ajuda, iria exigir muito do tempo e de mim. Não sei explicar porquê. Não encontro bem as palavras acertadas. O que aconteceu foi o incrível inesperado. Em plena tempestade um raio transformou-se numa luminosa estrela, e ficou... Para iluminar, motivar, surpreender e provar. Iluminar os meus dias que quase nem existiam. Motivar para além do que são as minhas obrigações. Surpreender a um ponto extremo, isto é, tornar o impossível no possível ao conseguir estender-me a mão a milhas e mesmo assim tocar-me no poço mais fundo. Provar, provar que tudo é possível, que o mais negro pode ser coberto por uma simples surpresa na vida. Aqui está uma vida sem sentido a fazer sentido. Uma oportunidade... Um caminho... Uma força... Uma motivação... Uma estrela... 

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Eu achei... Eu achei...




Ridículo, isto é ridículo. Eu achei que não era real, que não estava acontecer, não podia acontecer. Achei que não era minimamente grave, que era passageiro, que era normal, que estava tudo dentro da normalidade. Achei que estava protegido, achei que estava abrigado, achei que estava seguro e saudável. Eu achei...
Não é o meu momento, nem tenho a minha previsão. Chama-se presente e realidade, significado de cada atitude. Não vale de nada fingir que não é verdade, ou tentar fintar o que está acontecer. Não diminuirá a dor. A chama não está apagada, a vela desapareceu. Escondida em algures por aí, talvez mais perto do que o que os meus olhos atingem. Sou conduzido por essa chama que não existe, conselhos, e por mim próprio pela forma que vou à guerra. Faço-me forte e respeito o meu ser. Luto contra o que de mal tenho, e fujo até ao que ocupar o pensamento. Um brinquedo ou uma tarefa, não importa, desde que me desmaie por o tempo que seja capaz. Uma preocupação arrasta outra, um problema aumenta a gravidade do outro... Vento arrasta o ar, as ondas arrastam a água, e a realidade arrasta-me até ao nada. Porquê eu? Porquê tão cedo?
Estou a perder o meu próprio amor, estou a perder as minhas vontades, os meus desejos, os meus objectivos, estou a perder as minhas capacidades. Quando tencionas devolver tudo o que me pertence e deixar-me viver? Tu sim, vida. Perdi a beleza do céu e a noção do chão. Perdi o que de melhor tinha e fui cegado. Pedi uma transformação, uma atitude e sorte, e o que consegui encontrar foi sempre mais um pedaço a desistir de mim. Pedaços desfazem-se em pedaços, e esses pedaços puxam outros pedaços. Às vezes a luz força-te a fechar os olhos. Às vezes a dificuldade visual força-te a chegar mais perto. Às vezes a vida força-te a perceber que há diferença entre a tristeza e o não conseguir aguentar o teu próprio estado. A vida força-te sempre a alguma coisa, e quando não tens escolhas, complicou. Era mais fácil de entender se soubesse do que falo, do que sinto... Se não fosse imaginação e conseguisse falar sem ter de virar costas. Se fosse capaz de me cuidar e saber o que dizer. Se fosse capaz de aceitar-me e aguentar-me. Se fosse capaz de puxar o tempo até mim e ir com ele até ao que me pertence. Eu achei que era capaz de te proteger, de me proteger. Eu achei...