terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Despedida



Quem te procura na verdade? Nesta perdição inconsciente que até as memórias sublinham. Seria básico demais eu pedir um gelado como lembrança, ou um rebuçado como despedida. Na verdade, seria tipicamente desastroso para mim pedir um gesto distanciado, pedir um acto de carinho, como desculpa ou recompensa de outros tempos perdidos. Sinto que já é tão ultrapassado que nunca o será, e é tão impossível quanto um verdadeiro resumo com oito letras. Não consigo, honestamente, não consigo sentar me em qualquer lugar e explicar para alguém o porquê de eu sentir tudo isto de forma tão intensa. Não consigo entender muito bem, isto de fugir ao que me dói e ser um possuidor de boa disposição, isto de sentir me uma infantilidade e uma explosão de personalidade, isto de inúmeras vezes encontrar me com o meu lado mais bonito em termos de atitudes, de iniciativas de bondade. As despedidas levam-me a fazer parte de uma cena dramática de verdade, por momentos, fico desfeito em pedaços do desconhecido que sou. São momentos como estes que me recuam no tempo, nas lições, nos erros,  nas injustiças, e fazem-me refletir sobre as minhas capacidades de equilíbrio. Fico assim capaz de falar, num tal momento específico, sou eu capaz de, sozinho, fazer me entender que aqui estou eu. Como sempre, acabo por aperceber me que ainda não é tarde para escrever como haveria de recompensar me a mim próprio. E aí, eu questiono a minha posição, será que mereco o que sou? As pessoas que, de verdade, conquistei? Será que eu mereço as minhas vitórias? As minhas derrotas? 

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Um amor em meio coração



Parei em algures, e por mera rotina esvaziei a caixa do correio e bati a porta de vidro. Pus-me a escrever, escrevi, escrevi e escrevi. Depois de tantas folhas amassadas, passei a dar valor ao que amo, ao facto de ser amado, e a tudo aquilo que foi positivo intencional. E na minha inocência, não conseguia acreditar no que estava a ser escrito. Só isso já era uma razão suficientemente morta para eu não sobreviver das pobres ideias, quanto mais conseguir assimilar e conciliar, sem passar pela questão de sentir-me firme. Não há entregas que nos formem, mas eu formei-me pela minha má entrega. Fez-se assim uma madrugada inteira, uma ou centenas, e senti a canseira de quem escreve e reescreve. Não é que a escrita canse, não cansa, mas bater no que de mais fraco é, partindo de vários pontos, abala toda a noção do que é dia e do que é noite. Optei pela insistência como se estivesse realmente certo, quando na verdade faltou sempre uma valente dose de consciência, pois eu não tinha noção de quanto mau era o que  tinha para escrever. É complicado, assumir uma fraqueza, para além de muitas outras, uma fraqueza humana. Lidar com isso, já me formou, pela má entrega, pela fraqueza humana, pelo sacrifício de superação. São dezenas de sentimentos incontroláveis que transmitem os sinais de humanidade, de sensibilidade, e o mais difícil é ser capaz de mover-me e iniciar uma luta com certeza e sentido. Eu, perante todas as palavras que já escrevi, fico à espera a madrugada inteira, pelo momento em que me falte a vontade de te escrever. Sinto que o tempo está a desenrolar-se sobre um resgate, e às vezes eu não sei muito bem se é isso que quer transmitir, mas uma certeza pelo menos, eu tenho. Jamais saberei acreditar nas impurezas de um sentimento, não consigo desfazer um amor em meio coração, não consigo perceber o sentimento de saudade por cima do desprezo, e isso já é suficiente para remover qualquer das milhares palavras escritas.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Boa noite



Em todos os momentos da tua vida vais sentir a minha mão sobre a tua, pretendo estar sempre presente quando precisares e não precisares, para te ver ser feliz e a superar as dificuldades, sempre. O que eu vejo é o que sinto, um caminho longo pela frente, com muitas cabeçadas na parede e com muitos mais momentos lindos os dois, juntos. Não conto com uma desilusão, pode tudo em frente correr mal, mas nós? Bem, nós não imagino correr mal, não vejo nada acontecer fora dos planos.
 Tenho noção, de que nos vamos chatear, muitas vezes e sinceramente assim espero, porque isso sim, é correr certo, como uma verdadeira relação. Não vou aceitar todas as tuas decisões e escolhas de consciência leve, assim como tu podes não aceitar certas coisas que eu faça, é normal. Fico feliz quando corre algo mal e de seguida o que construímos até hoje, ou seja, o sentimento leva-nos rapidamente um até ao outro, e de repente, estamos bem de novo. Tenho perfeita noção que isso é normal, e sinceramente? Tudo vai valer a pena, enquanto tu seguras tudo enquanto estamos bem, fazes reviver e viver feliz, eu seguro enquanto estamos mal, não faz parte de mim ser assim, mas contigo? bem contigo é diferente, porque não há braço a torcer, há uma irmã que eu quero ver ser feliz e a sair-se sempre bem de tudo, quero-te ver crescer e tornares-te numa mulher, uma verdadeira mulher!

27 Outubro de 2013

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

História




Os dias de cada ser humano, é uma pequena história de grandes bons e maus momentos. Nestas longas horas, conseguimos ser mais versáteis do que realmente achamos que somos. E eu gosto disso, e como jovem rapaz que sou, admiro-o. Gosto de fazer história, de criar história, de poder contar uma história, mas sobretudo de as poder escrever.
Não são dois cacos com um pouco de terra lá dentro que o fazem. O inicio de uma história poder ir para além de um conjunto de horas, mas nunca muito para além dos intervalos que nos marcam a mente. Uma história de verdade inicia na semente, na sua caracterização, do cuidado, do crescimento, do tempo,  principalmente do tempo. Pode ter dois minutos, é certo, mas nunca será assim tão perfeita quanto isso. A meu ver, é mais um conjunto de cenas, desenvolvidas a partir de uma verdadeira junção de momentos marcantes, como um crescimento notável de uma planta, de flores, rosas, folhas, o que seja. Faz me confusão quando vejo um grau de partilha acima do meu, é quase como um combate à privacidade de cada um, que deveria existir. Confesso que chega a incomodar, de facto mistura as direcções com os sentidos, uma vida sem privacidade, uma vida aberta, alheia a uma história dependente e independente nos devidos momentos, tais que deveriam ser inevitavelmente pessoais. Os meus feedback's ao fim de cada dia, fazem-me confusão, fazem-me sentir conduzido por um coração anormal. Dá-me a entender que sou diferente, que tenho um pensamento estranho, uma visão estranha sobre toda gente. Confesso que não sei até que ponto isso me distingue das pessoas, se negativamente, se positivamente. Contudo, creio que o impulso natural da escrita provoca realmente uma inconfundível reanimação. Tem dias em que eu acho que aqui, de papel e caneta, está tudo certo. Tem dias em que eu acho certo publicar e partilhar com as pessoas. Tem outros dias em que eu respiro os contra-factos, e acho que deveria guardar tudo na minha capa de elásticos. Tem outros ainda, que eu nem sei bem o que faço, se faço certo, se faço errado. Na verdade, quem quer saber? Já nem o ninguém.

domingo, 23 de novembro de 2014

Meio Termo



Sou um possuidor de um mundo irreal, na minha cabeça existe todas as maravilhas possíveis e igualmente possíveis na irrealidade. Nos últimos dez minutos de reflexão, parece que é verdade quando começo a crer que é possível poder gostar das pessoas. Nos últimos dois, acho que não, o que é naturalmente confuso em demasia. Dá para crer que o ideal é estar sozinho, estar um pouco em todo lado e em lado nenhum. As pessoas doces cada vez mais as vejo como uma ameaça para mim, ou então, sou eu uma ameaça para as pessoas doces. Quero tudo aquilo que é prometido, ou então não quero nada. Não funciono com meio termo, o meio termo é uma parte da minha vida, arrumada. 

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Madrugadas Recordativas



Duas e meia, e nada seria tão certo se nem um piano nos safasse. Não sei se é maldade quando faço de mim um versátil amigo, divertido, espontâneo, meio perdido. Não sei, confesso que não sei. Estou confuso, para além de acompanhado deste chamado espírito  que talvez seja de meu pertence, inimigo o poderia chamar. De volta para baixo, bem do princípio, até à plantação de uma queda de cubos de gelo pela ravina dramática a baixo, estou eu de volta das origens, das recordações bonitas e não bonitas. Realmente  é incrível como é a música toda a condução, leva-nos de lado para lado em minutos de ouro, bronze e prata. Eu julguei ser um pouco de barulho a salvar as madrugadas recordativas, mas a minha carente alma provou que apenas a suavidade de um piano vira o mundo do avesso e entende os vazios,  os sítios por onde nem a palavra é capaz de chegar. Procuro um pouco de sentido nestes momentos, um pouco de carinho nestes dias. Na verdade, escondi me como um bicho no habitat, como um avião nas nuvens ou um navio no oceano, já mais ninguém sabe quem eu sou e naquilo que penso, no quero e sinto. Nem sempre foi assim, mas também já foi pior,  um mal entendido sempre foi diferente de um livro não lido. 

Justiça



Em honra à fome e à sede da mente inconformada, não te cales. Há tanto para dizer, por dizer, para conversar, compensar e discutir.  Aquilo que sentes não é só uma perna de apoio,  ou uma rota, é uma escolha daquilo que quer queiras quer não, acontece. Leva-o como quiseres, um ponto ou encontro, desencontro ou silêncio. Seja na rua, em casa, no supermercado ou na escola, mas fala. Não dá, não combina uma mente positiva com muito por fazer, fazer acontecer. Leva contigo este mundo para qualquer lado, faz de cada passo uma vitória e não uma escapatória. Não fiques com nuvens passadas a cobrir o teu  céu, ou melhor, não impeças um dia limpo. Abre o livro, desenha o teu espelho, deixa que a justiça faça de ti quem terás de ser.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Chuva



Silêncio para este insistente clima chuvoso, tão suave e contínuo, inspirador, aspirador de ideias, de memorias. Nunca tão pouco para sentar num banco de jardim e fazer de uma árvore um abrigo, flectir o tronco e evitar que qualquer gota chegue até à folha de papel. Sabe tão bem, ou como nunca saberia com um outro estado de tempo. Faz perder as chatices do momento e ganhar as ultrapassadas, faz com que a folha seja como um charco de água, que reflecte os sentimentos ao invés do face. Sabe tão bem esperar o tempo sem ter de contá-lo, estar controladamente descontrolado, de olhos bem abertos e sem ver nada, apenas ouvir e apreciar os sons que a chuva é capaz de fazer chegar até aos nossos ouvidos. Incrivelmente admirável como a própria natureza pode provocar um sentimento de identificação no momento. Geralmente associa-se a chuva ao desconforto, ao frio, às dificuldades de condução e de prática de desporto, de tudo que seja negativo basicamente, quando na verdade é tão bom quanto um dia de sol na praia com os amigos.
Hoje estava sentado ligeiramente a leste deste mundo e lembrei-me de tudo isto, pensei e cheguei à conclusão que de facto não chegamos a valorizar, a apreciar a natureza quando realmente poderíamos e ficamos admirados com a sua própria beleza. Não há melhores condições do que isso para poder escrever, para poder clarear e ampliar uma inspiração. São inúmeros os vazios que a vida oferece-nos e guardar-nos, todavia podemos e devemos aproveitar tais momentos, tais fontes para poder aliviar e partilhar os sentimentos encurralados, com a natureza, com uma folha de papel. 

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Desconforto 2

Quero muito acreditar que é normal encarar uma fase melancólica da vida, do tipo bater à porta e questionar mil e um estragos, assim como se fosse uma cena banal, como se fosse um dia naturalmente mau. Estas horas em que olhamos à volta e não vê mos nada nem ninguém, matam segundos e horizontes. Será tão normal assim sentir que perdemos todo valor e força de superação por pequenos erros? É pelo menos mau que chegue sentir que já não temos atenção dos olhos que nos rodeiam, que não temos importância para as pessoas que mais tem valor para nós. Sentimos-nos como lixo, como ninguém a deixar pegadas por aí. O mal de tudo é ter noção de que a felicidade que devia ser nossa, é na verdade dependente de outras pessoas e não apenas de nós próprios. Com pouca coragem e vontade de planear, uma atenta mente grita, de uma forma constante grita bem alto em espaços vazios. Em simultâneo, esta é capaz de sair do seu próprio eco, permitindo assim que os espaços sejam outros, até novas dimensões. O que era um espaço vazio, transforma-se num terreno de novas vistas. Notável, pois um espaço vazio é também um espaço fechado, com fechaduras por onde não é possível espreitar nem um pouco do minuto que se segue. Saiu calado à rua e imagino-me a conter uma alma carente, que embora transparente o suficiente, também inspiradora. De louvar são as suas vinte e quatro horas diárias de protecção, esta capacidade de impossibilitar a descrição do estado emocional a exteriores interessados. No baloiço de pneu é fácil gerar uma confusão de ideias, é fácil iniciar uma luta pelo perdão da consciência. Nada mais que um sentimento de culpa por vezes, uma alma castigada e revoltada, por agir de forma leve e permitir respostas frias. Há gente que conta gente, eu conto aquilo que curo e que crio. Não sou um exemplo a seguir, e isso pouca ou nenhuma diferença faz para o desenvolvimento da sociedade. Numa luta de forças, é importante conhecer casos impossíveis, infelizes, isto para que amanhã não vá escavar um buraco idêntico. Encontro-me varias vezes no quarto com um calor extremo, e questiono-me às paredes porque que até mesmo essas me congelam. Durmo e acordo a pensar que um dia o meu ser pode voltar, e acabo por acreditar na minha própria história e nas minhas forças de superação. Nunca tinha pensado nem em metade de um milhar de situações, mas quando te deparas com os impossíveis, automaticamente irás fazê-lo, e daí tirarás conclusões bem adversas. As minhas ideias dentro da situação pessoal e actual, são por exemplo de destacar, a necessidade que tenho de sublinhar que a culpa não está do lado de quem tem a má atitude, está maioritariamente do lado de quem a perdoa.

[Segunda versão "Desconforto"]

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Medalhas ao Peito




Quando somos livres de verdade, senti-mo-nos à parte daquela espécie de circulo preenchido, tão completo. Percebes que o és quando reparas que o incompleto todo, ao fim do dia, não te interessa absolutamente nada. Não faz diferença. Saberia bem melhor duas vidas para cada um dos dias. Nem irei tão longe, pelo menos não a ponto de falar de dias desperdiçados, ou das oportunidades roubadas pela ambição constante de um respirar limpo, aliviante e tranquilo. Há sonhos que tomam pose da inspiração de cada dia, o que no fundo, já o faz em metade. Tenho ideias estranhas, como o imaginário daquilo que ouço. Talvez daí achar necessário aquele que deve ser o peso ideal e consciente em toda superfície à volta. Muitas das vezes, a possibilitar a inversão quanto ao comportamento antes pensado. Procuro voltar a ser um novo inocente por inteiro, numa de acertar os lados certos do dado, os mais preenchidos. Habituei-me a que os pesadelos se tornassem reais, a que os dados dessem mais voltas do que o previsto. Na verdade, nunca tive muita escolha, e aos poucos, fui percebendo como era suposto saber aceitar isso de forma natural. No entanto, fui à procura de uma nova focagem. Mudei por mim, e medalhas ao peito não me faltam para o justificar. Foi um bocado em cima de hora, ou em cima do tempo, nem eu o sei bem, ainda não o descobri. Neste momento, sigo uma orientação especialmente moderada, bem pensada, desenhada até! Amor de norte a sul do país, três baladas de amor na varanda dos ventos, ou até nenhum amor. A minha mente de repente virou respeito puro, quando uma lei não me parece bem explicada, faço dela uma excepção, de uma fuga à multa, sem grande importância, sem grande tolerância. De momento, vejo-me com um caminho diferente, paciente e contido. Vejo-me em momento de espera, mas sem ter de esperar. Vejo-me em múltipla acção, de contenção e andamento. O único desejo que carrego ultimamente, é poder ser autónomo o suficiente, de forma a que rejeitado, ignorado ou não, independentemente disso, consiga sentir-me bem com o que tenho, com o que sou e o que faço.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Lamento




Realmente eu lamento, lamento mas não por ser o que sou, nem por não ser o alto da humanidade, nem o representante de ninguém para além de mim mesmo. Sou o tal rapaz nem mais nem menos do que aquilo que o próprio desenvolvimento criou. Lamento é, este desenrolar das cassetes, este esticar das fitas de video. Lamento, mas mantenho a memória dos momentos ausentes e de falta de eficiência da minha parte. Eu lamento por ti, não tanto para mim, e através deste minuto de tempo perdido, vou mover e escrever uma página em tua honra, para a eliminar.
Aos poucos na vida, aprendi a tocar nos momentos firmes e apenas observar de longe aquilo que repentinamente atravessasse no caminho. Aprendi as cores dos lápis, e os locais particularmente indicados para provar as minhas capacidades de pintura. Aprendi que as surpresas são tão temporárias como uma derrota com cheiro a vitória. Vivi tempos no limite, do exagero e da vergonha, mas eu pelo menos sei que... as coisas vem e vão, com o tempo. É clara a razão de lutar por aquilo que se quer, embora nem tanto clara assim a de esperar por aquilo que se quer também. Quando queremos, queremos, e quando merecemos a história é a mesma, e se não tiver destinado a ser um tema real, pode sempre ser escrito. Como aqui, hoje, escrito e bem escrito, para o ar ou para o teto, para mim ou ... sem ou. Põe os braços à volta do corpo, põe as mãos na cabeça. Conta os segredos sem sentido, conta as armas desperdiçadas, os ventos que deixaste fugir. Pus os meus braços à volta do meu corpo, meti as mãos na cabeça, apalpei a minha consciência  e percebi que deixei cair uma vida. De forma sóbria, deixei cair uma vida, a que eu queria. Agora que divida a minha vida em duas partes, duas possibilidades, tomei parte, apenas parte. Não é fácil tomares metade de um inteiro, meio sonho, meio acompanhamento, meio, apenas meio. Não é fácil ter de escolher, mas é importante valorizar a capacidade de escolha, perceber e ter noção dos factos. Eu preciso de alguém que me acompanhe esta noite, este dia, este momento, sem ter de ser difícil perceber o que está perdoado,  ou o que devia estar perdoado. Precisava que fosse mais fácil de sentir orgulho puro, orgulho numa simples relação. Estou em pleno momento de construção, sem ti, a minha outra parte, mas com o rapaz que sou, eu, a minha parte restante. Tornou-se simples assim, para o que der e vier,  justo comigo mesmo. 

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Desafio




Eu posso ser qualquer um, e posso não ser ninguém. Posso ser frio, e temperatura inversa. Posso ser uma sombra iluminada. Posso até ser tudo que eu quiser, mas nunca serei eu. Não sei quem sou, nem o que faço, ao que reajo e ao que pertenço. Não sei que histórias tenho para contar, nem se  conto o que aconteceu. Estou em pulos de alegria desanimada. Estou tão satisfeito como inexistente. Estou como não estou, embora se estiver, estarei como fogo em chuva fria. Vem sol, vem frio, e é tão simples assim, como um número e duas letras. Agrr, que indecisão tão lógica. Que gritos tão carregados de paz. 
Há um desafio? 
Há um desafio, imposto pela experiência dos momentos imensos, imposto pela compreensão da incompreensão, da injustiça que podia ser justa. No meu controlador desta noite, foi detectado promessas sem tréguas, saudades negadas e corpos em voos. Tristeza, é com tristeza interminável que se derrete a grande alma. Só é dor se eu quiser. Só é triste enquanto durar. Só é um desafio até ser cumprido. 
Há um desafio, e eu aceito-o. 

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Revolta

T


Está sempre lá, este meu ar de ir aceitando e não aceitando o que está verticalmente invertido. Acho que ainda não reparei a cem por cento, mas acordei por cima do teto falso do ânimo, ali por algures nas folhas passadas, embora actualizadas. Tiro sempre como rota aquele que não é, mas que no fundo considero um desvio. Nele passo como uma chama, tão cedo entro como saio. Faço este caminho como... Uma... Duas... Três... Quatro escapatórias. Já custa menos. Posso-te relembrar? Não é necessário, ou é desnecessário, para o tempo e para mim. Penso que a negação vem em causa de algum hábito à mistura, talvez seja. Não adianta, sou como uma camisola, sirvo até não aparecer mais nada. Se eventualmente vier uma camisola nova, vou directo para o armário, desfrutar do momento como lixo. No entanto, se a camisola nova estragar, der errado, parecer errado, o armário vai ser aberto e lá estou eu, de novo. DASS. 
Creio que tenho uma qualidade superior, tendo em conta que quando usada resisto e brilho, não estrago, e muito menos vou embora. Cada vez me sinto uma camisola mais moderna, tanto que um dia destes recuso-me a entrar no armário habitual. Sou uma ameaça da ameaça do tempo. Sou ameaçado constantemente a cada passo, pela minha possível revolta e partida, mais uma vez. Sinto que todos os dias cometo uma loucura nova, porque realmente já não quero muito saber, isso preocupa-me. Sinto que lá fora, terei o mundo na mão, para qualquer lado, e que se acontecer, possivelmente terei alguém que deitará uma mão, como realmente deve ser, como devo ter merecido. 

domingo, 6 de julho de 2014

Silêncio de Ferro



Olá vida! Sua...Sua... Sua engenhoca de engenheiro incompetente! 
É tanta a confusão. Este calor de verão inventado e este pouco de terra ondulada interminável. Esta mistura de personalidades na mesma panela que, por vezes, quase incendeia a casa inteira.Gostava de ver um braço amolecer, por vontade própria, por humildade. Amaria que desses ouvidos ao teu doce coração. Porquê? Há outras escolhas a fazer, melhores! Creio que, uma alma que limita-se a aguentar a vida nunca terá uma recompensa como alguém que contraria as facilidades, os seus defeitos. O ato mais difícil é aquele que é superior ao orgulho, mas esse mesmo ato, é aquele que irá de seguida trazer o beneficio, a recompensa, o que é de melhor, o correcto. Sempre ouvi dizer que uma pessoa de sucesso é aquela que vence a teimosia e o orgulho que possui a mais. Se o receio de manter a postura errada for superior a uma relação, pois bem,  essa é uma forma de estender um futuro previsível, um mau futuro, como uma caixa de lápis de cor, sem azul e verde.. Será que é de ferro este silêncio? Será que o sol se põe para o mesmo lado? Terei eu a postura errada? Sou obrigado aceitar os maus momentos provocados por o próximo, para assim poder chegar aos bons? Se for assim, eu chamo um táxi e apago do mapa. Há limites, eu não sou o tipo de pessoa que pensa que os humanos são como o mundo negro que está acima das nuvens, para mim há limites, e tudo que é demais acaba por cansar. Isto são riscos, riscos inteligentes, de poder perder ou ganhar verdadeiramente alguém, mas é preciso arriscar para desenhar um futuro humilde. 

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Barulho no canto da cama



Trago aqui um pouco de terra, para acompanhar esta noite de champanhe e chuva de verão. Quero embarcar, sair, voltar, em passo de força e precisão, sobre a terra que carreguei por este caminho longo. Deixa-me ir, torna-me simples, faz-me sentir como o vento, forte e livre. Sinto que sabes o tamanho do meu dia, acordei e lembrei-me que não sabias. Desconfio que fui inventado a pormenor. Nem sei o que confunde as minhas escolhas, as minhas ideias. Não sei acordar e adormecer com tanto barulho no canto da cama. Será que estou bem? Encaminhado? 

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Rotina Estreita




Eu procuro os números e tiro as medidas aos ponteiros, conto as voltas e nem apercebo-me das horas. Olho para o relógio por olhar, apenas por olhar. Não são os minutos que ditam o suor, nem os segundos que me consomem a paciência. Onde quer que esteja, não cruzo os braços, nem para abraçar a sombra que uma das duas únicas estrelas que brilha durante o dia desenha. Já é pele em mim, o tarde que me deito e o cedo que me levanto, faz parte do que eu preciso. Embora, falta sempre alguma coisa, uma preocupação a menos , uma falta a mais, mas nunca um equilíbrio. Não o piso de pé leve, nem como um tipo derrotado, nem infeliz... Creio que, o cansaço é uma forma de conhecer os cantos todos ao estado de cada um, e, o meu? Faz-me não querer saber, dormir e basta. A saudade já aperta e eu sou aquele tipo que vai esperar, em qualquer lado, com mais ou menos ânimo, mais ou menos adormecido na relação, desmotivado, mas lá estarei, na rotina estreita que o tempo e as limitações oferecem-me.


domingo, 18 de maio de 2014

Quero-te




Neste momento, está uma noite mais clara do que o próprio dia. Faz tanto calor. Está uma plena noite estrelada, bem confortável, de bem estar, de grandes esperanças. Só faltava ser uma noite de sonhos, realizados queria eu dizer, pois uma noite de sonhos são todas aquelas que estão por dentro desta minha fase, todas aquelas em que me deito na cama e perco-me nos momentos mágicos frutos da minha apaixonada imaginação. Enquanto que antes me perdia no desespero do isolamento, hoje sinto-me feliz a planear a dois. Faz-me mais forte. Faz-me alguém. Faz-me sentir alguém pertencer a alguém, querer pertencer a alguém que eu quero que me pertença. 
Hoje pertenço-te, amanhã pertenço-te, e no futuro te pertencerei. O que está por trás desta corrente de ar inspiradora? Consigo sentir já a tua mão sobre a minha. Os nossos corpos ocupar um só espaço, sobre a areia molhada daquele mar mais belo e a respirar aquela corrente cheia de amor. Consigo já sentir o peso de uma vida, que é tão maravilhoso quanto as fugidas da adolescência. Não quero perder-me nesta cidade, quero ruas sem fim, quero raios de sol e chuvas intensas, quero natureza, quero realidade, mas não quero ir embora. É aqui que eu quero ficar, aqui dentro de ti. 

Quero amar, amar sem fim. 
Quero mergulhar em ti todas as noites.
Quero acordar com a tua voz, adormecer com o teu toque. 
Quero chorar de esforço por ti.
Quero voar ao teu lado.
Quero sentir sempre o prazer de ser teu.  
Quero-te meu amor.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Incompleto Viver



Dava origem ao tom mais elevado da sua voz, mesmo em pleno silêncio. Honestamente, por mais longe que estivesse o mundo nunca deixaria de ser apenas deles os dois. Gritaria tanto, até que pudessem ouvir o vazio do seu coração, as palavras que jamais poderão ser vistas. Num canto escuro, em companhia da honesta paixão, sentia-se massacrado pela pressão da água que terá sempre de engolir. Nos momentos em que se encontrava sentado nos pontos calmos, e de surdez para com o mundo, só havia um jeito de imaginar, senti-la da mesma forma que ela o sentia. Viu-se todos os dias a mudar, a tentar mudar, até que fosse possível atingir a simplicidade e a pureza que fizesse merece-la de verdade. Queria saber colorir a alma, deixar a pessoa morta que era, por ele, por ela. No entanto, não passava de um desastre em pessoa dentro de uma divisão de azar., onde já foi derrotado pelas sombras dos pássaros que contariam juntos se pudessem. Terminou por ali o seu capítulo, em sua mente pelo menos, naquela casa de melancolia inevitável.  Desejava sair para combater meio mundo, e viver de outro, ou se calhar ficar só pela praia, sobre a areia da solidão e a nunca demais água do mar. Na verdade, não tencionava desaparecer do mundo, e até ao momento não o fez. Não tem esse como objectivo de vida. A sua marca está lá, para ficar talvez, embora recente no mundo real dos amantes, mas já tem algo que talvez ficará. Seja dor, seja amor,  algumas existentes do puzzle incompleto, pelo menos isso marcou. Neste mundo, onde já não mais se entende, já não mais consegue se situar, no tempo, no espaço, no momento. Provavelmente, onde só a paixão de ambos comunica, onde só essa é capaz de entender. Se calhar, apenas desse jeito se compreendem e saem na espera pela glória, mesmo depois de um tempo desastroso que se fazia e faz sentir. Que essa espera pela glória dure 1 mês, 5 meses, 1 ano, 3 anos, que seja, como tanto conhecida é a expressão " Se for verdadeiro vai valer a pena esperar cada segundo, minuto, hora, semanas, meses, e até anos.". Ele acreditava e acredita, tanto quanto o medo que tinha e tem de se perder pela esperança. Mesmo que um dia o deixassem de ouvir, continuaria a gritar o seu nome bem alto, de forma a que todo mundo pudesse voltar sempre a sentir aquele  incompleto viver. Se eventualmente a escolha de ir embora e de viajar pertence-se à sua considerada inspiração, pois bem, aí ele garantia que iria olhar nas estrelas e encontra-la, por todo lado a encher o céu. Relembraria de tudo um pouco daquilo que lhes pertence-se, e apoiaria-se no que com tanto dele ficou, que foi ela, a sua única estrela. As noites ficaram longas, longas conforme o frio que sentia, até que congelava. Tal aperto que era capaz de retirar toda força dele, que o degradava na prisão das saudades de senti-la em seus braços. Não terá mais para onde ir, na sua forma de pensar perdeu o que o preenchia, ou melhor dizendo, o que lhe enchia o coração. Saiu de novo em mente, à procura de mil e uma maneiras de, neste frio e silêncio, encontrar um pouco dele perdido no desconforto de adormecer sem o que lhe fazia viver. Esta rua parecia não terminar, e deu sempre de volta a sentir-se como uma pessoa morta a procurar pontos de motivação
 e de força. Nada mais o descrevia para além de uma alma cheia de escuridão, cheia de danos resultantes de todos os impactos da vida. Umas vezes motivado, outras destruído e incapaz. 

Ocultos Pensamentos


Viver é um doentio fingimento.
Nós pessoas, não vivemos daquilo que sentimos. Não permitimos também que o próximo viva do que sente. Acho que de um modo geral, a sociedade não é levada com a naturalidade que a vida exige. Os pensamentos surgem mais quando nos encontramos sós, é verdade, mas mesmo quando surgem em momentos de convívio, não são partilhados de mente para mentes. Acho que sofremos um pouco mais por isso, mesmo que seja um modo de vida opcional. Abafamos o coração, e com isso ele fica muito mais sensível do que já é por natureza, talvez seja esse o grande motivo de tais revoltas de sua parte, todas as noites.
Quanto mais tempo tenho para me adaptar de novo? Sinto que me falta querer reviver. Sinto dificuldades  em adaptar-me a esta minha desastrosa vida. Sinto-me exageradamente mergulhado na derrota. Sinto-me cansado. Sinto-me morrer nas batidas fortes do meu coração.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Imprevisível Amanhã



Sou um acostumado de cara tapada, a rotina matou-me nesta grande fila até à bilheteira da felicidade. Posso sim, desta forma, considerar-me um falhado que nunca um grande falhado, mas um falhado na sorte que não tive como viver. Eu consigo sentar-me em qualquer cadeira, de madeira, de ferro, de plástico, fria ou quente, e relembrar todos os pormenores, todo puzzle desde a peça número 1 até me perder na história, no seu significado, no sentimento. Tomará que o vento me empurra-se até ao largo dos desejos realizados. Tomará eu ser capaz de assumir as oportunidades que me são dadas, sem ter de me questionar, sem ter de me pôr nem à frente nem atrás do rapaz que sou. Como podemos nós ser tão complicados ao ponto de achar que tudo é tão simples como aparentemente é pelo mundo apaixonado fora?
O meu orgulho cresce e diminui dentro de mim mesmo com frequência, sobe quando me sinto feliz ao nadar nos bons momentos que relembro, ou de repente diminui quando vivo o momento em que me encontro, que é sempre tão triste. Há momentos em que percebo e assumo a ferida que dói, outros em que limito-me à cicatriz que escondo. Na verdade, está muito longe de ser uma cicatriz, é mais fácil descrever como um episódio que exige respeito tendo em conta o meu ser,  um período marcado como possivelmente longo e imprevisível. Antes pudesse eu pagar de outra forma, perco horas e horas de vida a ouvir dizer, por vozes não mais do que minhas, o que pode me ressuscitar sem tirar nem pôr mais do que as palavras. Errado, perco horas a tentar encontrar veracidade nas palavras que eu sempre quis ouvir de mim mesmo, elas cruzam-se, confundem-se, misturam-se, acabam por na sua junção não fazerem qualquer sentido. Quando o objectivo é encorajar até ao que mais quero na vida, acabam por ter o efeito exactamente contrário, e morro de novo.

Tomará que fosse possível cair fora deste ano, viajar, entregar-me ao tempo e forçar-me ao esquecimento do meu lado ferido. Já não há perdão. Já não há espera. Já não há dois dias. Já não há pintura. Já não há desenho. Já não há quedas para abafar silêncios, faz tanto barulho em tal mente perturbada, tanto, que já não há solução para além de  manter a poção capaz de me adormecer o mais tempo possível.
Eu espero, já muito cansado mas esperançoso, pelo dia em que vá encontrar a minha arma para esta longa batalha que se prossegue.

sábado, 5 de abril de 2014

Quem sou eu?



Afinal quem sou eu?
Rasgo folhas onde mais tarde sei que vou querer escrever. Risco linhas onde sei que vou querer sublinhar. Fujo do ar que me mantêm vivo, porque esse mesmo mata-me.

Sou o meu próprio monstro, o meu próprio inferno, o meu próprio desgaste, o meu próprio sufoco, a minha própria dor... 
O que faço eu por aqui?
Pinto vazios, inspiro desconforto e expulso a minha vida. Fecho as portas às acaricias e abro caminho até aquela montanha mais afastada da humanidade, até ao ponto mais alto, mais longe de tudo e de todos.
Lei-o o que me aterroriza e morro. Morro aqui, ali, agora ou daqui a pouco, e não renasço. Quando aparentemente estou viver, estou simplesmente a viver do que foi aparente, porque vem-me buscar de novo.... Leva-me para os caminhos escuros, leva-me de volta para o nada, mais uma vez. 
Renascer é o objectivo, mesmo que seja incompreensível para o mundo, mas renascer é o objectivo. Embora o preço a pagar seja sempre tão alto, tão alto, tão alto. 
Apetece-me entrar num barco, e remar, remar sem orientação. Remar, para longe daqui. Enfrentar os riscos e as fortes correntes do mar. Perder mais a noção da realidade, e viajar, perceber a que mundo pertenço eu. Faz tanto frio, tanto frio cá fora e cá dentro. Estou congelado.
Tenho tanto medo de perder na vida, como de esperar por aquele rapaz que, possivelmente, já  não sou mais. 

domingo, 23 de março de 2014

Sonho Irreal




Olhei o céu e senti a suavidade e o conforto com que os pássaros sobrevoavam. Este momento pensativo e de viagem à natureza fazia-me sentir parte de um momento agradável, até que a campainha toca. Toda gente abandona as quatro paredes que as aborrecia, e espalha-se facilmente uma multidão por todos os curtos espaços do recinto exterior. Já previa algo, no fundo, o frio na barriga não costuma mesmo falhar. Foi como se realmente estivesse mesmo acontecer um sonho real. Como se juntasse as minhas momentâneas confusões num baralho de cartas, onde a grande maioria seriam copas. Dou por mim assustado, a desejar poder voar a cem quilómetros por hora até à cidade de ninguém. Nunca sei o que quero ou que posso estar a sentir. Até realmente acontecer, sentir e ouvir alguém a chamar aquele nome que me pertence, com a voz doce que provoca um tornado de emoções em milésimos de segundos. Olhei para confirmar, e realmente era para mim mesmo. Não queria, não queria mas fui. Havia sempre algo a dizer, a esclarecer, a prender o futuro, e então eu fui. Já com a derrota escrita na testa logo ao primeiro passo, mas fui. Repeti dez vezes a passo que tinha de me tomar como frio e decidido. No ante penúltimo passo já nem sabia o que tinha dito em todos os outros que ficaram para trás. Na minha vida, antes tudo parece não estar errado e claro, com sentido... até acontecer. A voz doce ocupou toda escola, mesmo no tom mais baixo e tímido de sempre, e mesmo assim, eu não consegui não estar distraído. Não me recordo de ouvir nada. Recordo-me de sentir um toque que não desconhecia de todo, um toque mais carinhoso, um beijo mais apertado... Até adormecer, e acordar em outro lugar onde nunca estive antes. Este que parecia enfeitado de um motivo alegre e festivo. No entanto, não me encontrava propriamente no centro da festa, muito menos ao pé das pessoas. Só dela. Afastado de tudo e todos, mais perto do calor da paixão, muito mais perto do calor da paixão. Ali, parecia que tinha sido plantado o momento ideal para duas almas apaixonadas. Onde não tinha importância o lugar para onde fosse, pois eu acabaria de qualquer jeito voltar a encontrar. Ali o meu baralho tornou-se em apenas uma carta só, multiplicada por outras tantas. Vivi aquele momento como nem sequer antes conseguiria imaginar tão perfeito. Foi ideal. Amor. 
(....)
Puuuuufff! Não aconteceu nada. Não quero nada. Não tem ninguém. Não tem festa. Não tem campainha. Nem sequer pássaros. O baralho de facto existe, mas está guardado numa gaveta trancada, onde a chave já nem sei onde escondi. O que aconteceu mesmo? No meu último sono da manhã, surgiu aqui uma espécie de sonho completamente irreal. Fui tão rápido às nuvens, como ao chão.


sábado, 22 de março de 2014

Pessoa



Algumas pessoas andam por aí, perdem-se por aí à procura.
Algumas pessoas descontrolam-se e entristecem-se por aí.
(...)
 Muitas optam por não sair à rua com sentidos e rotas. Tentam de alguma forma criar uma distância maior até ao possível sofrimento, maior até à probabilidade de se magoarem à procura, sem sentido ou sem garantias. Algumas chegam conscientemente até à razão, que distingue a dificuldade, da falível persistência. Outras caem na rotina mista, uns dias ardem por amor, outros refrescam-se de revolta. O que acontece, naturalmente. Sem segredo atingido ou equação montada, como ser feliz? Não. Há voltas a dar, contornos à negatividade, apenas. Há tudo e nada. Há condições desde que as criemos, e há acontecimentos destinados que levam a que não as consigamos criar. Tu vais, persistes na criação, ela não acontece porque é uma persistência à procura no tempo, desistes e ela inesperadamente vai até ti. Quando te deparas com tais decisões, tu não és capaz, porque o tempo que perdes-te a procurar o que no fundo te fazia mal, tornou-te em alguém incapaz de lidar com esta nova grande oportunidade. Uma pessoa umas vezes fria, outras fraca.

domingo, 16 de março de 2014

Caminhos Distantes



(...)
E assim foi, ela fria corrida pelo vento que soprava forte por entres as árvores. Ela vai, e vai de mente revoltada e revirada do avesso. Perturbada por um excesso de pensamentos queimados de folhas que já arderam, ou que queria que assim fosse. Mais do que isso, por medo do futuro incerto que enfrenta. Por medo dele, de que partisse sem regresso. Assim foi, o vento virou chuva intensa, e ele foi e não sabe mais onde tinha estado. Mais do que uma folha queimada, uma memória que parecia e queria ser evitável! Hoje, o tempo apresenta-se em bom estado, tal como a mente que pertencia ao jovem. Pelo menos, sem aquele ar frio, mais seguro das ideias, menos completo mas mais certo no que tem. O risco demonstra a nossa vontade de viver, mas por vezes o ideal passa apenas por abrandar o ritmo de desenvolvimento. Passa por valorizar mais, não andar em circulo, mas caminhar com as pessoas que estão, apenas. Ele está, não de volta, mas de novo. Para ir e não voltar. Para crescer e vencer, mais, mais na vida. Dar um ponto grande nos enormes tormentos passados. Viver mais dos objectivos. Querer mais do que a estabilidade. Talvez mais um romântico incurável a querer aprender a viver, mesmo quando a cura é inexistente. Até porque a verdade passa por a história da vida de cada um. Cada um com um fim, é certo, mas a minha... bem, a minha tenho a certeza que irá ser a última a ser queimada. 

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Mentes barulhentas



Mentes barulhentas não se fazem ouvir. Mentes barulhentas simplesmente não respiram. Mentes barulhentas são o silêncio do exposto e a perturbação de pensamentos. Mentes barulhentas são a triste realidade das incertezas do futuro, é mais como uma concentração de ideias num copo de água em plena tempestade.  Mentes barulhentas por vezes é isso, confusão instalada no que podia ser simples, no que em tudo podia ser simples, diferente e real. Não acabou, não começou, não existe. O sonho é a parte objectiva do passo que cada um dá, de todas as escolhas difíceis que toma ou que decide não tomar. Quero dizer que é essencial a chamada "condição ao erro", a probabilidade de chegar até ele é altamente inversa ao resultado se antes existir inteligência. Saber esperar é inteligente. Saber viver é inteligente. Saber aceitar ou negar é inteligente. A vida são dois dias, pelo menos é o que dizem, no entanto eu acho que se não houver condições para viver o de hoje e mesmo assim fazer disso um risco, amanhã será ainda pior. O isolamento nem sempre é um sinónimo de negatividade, por vezes é o que representa uma maior coragem e atitude para uma recuperação ou um criar de condições até à paz. Em vez de competição e de luta por lanternas, é mais inteligente inventar a própria luz, deste ou de outro jeito, mas alguma do tipo invejada e segura. Não prevejo o espectáculo, nem maravilhas, mas dou o que me compete ao tempo. Para o que eu quero e preciso é necessário por vezes atirar-me à rua, cair e levantar. As escolhas tem esse poder de consequência, quando tem que ser, a vida diz que tem que ser. Toda gente sabe que a cassete não vai rolar se não tiver condições para tal, se for forçada. Toda gente sabe portanto que por vezes uma decisão de pedra pode trazer mais rápido uma vida estável do que uma decisão bem leve. Mentes barulhentas é isto, a confusão de várias escolhas, do dia a dia, das pessoas, das inconformidades, das recordações, das imaginações, das tristezas, das alegrias, de tudo. Mentes barulhentas só quem as tem sabe a confusão que pode ser sobreviver para viver e viver para sobreviver, só quem as tem sabe o quanto difícil é qualquer coisa. 

domingo, 19 de janeiro de 2014

Uma estrela ♥




Eu posso fechar os meus olhos. Estou confiante, e posso fechar os meus olhos. Hoje eles têm uma palavra, um significado, um verdadeiro olhar, têm vida. Hoje os meus olhos não choram, eles conversam, imaginam, sonham, mas não choram...
Estava em pleno deserto e queria decidir. Confuso perdido, mas sabia o que tinha a fazer minimamente. Queria tomar decisões, dar início a uma recuperação e procurar um caminho para longe do inferno circular. Qualquer coisa que eu fosse decidir, poderia não ser suficiente, e mesmo que fosse uma ajuda, iria exigir muito do tempo e de mim. Não sei explicar porquê. Não encontro bem as palavras acertadas. O que aconteceu foi o incrível inesperado. Em plena tempestade um raio transformou-se numa luminosa estrela, e ficou... Para iluminar, motivar, surpreender e provar. Iluminar os meus dias que quase nem existiam. Motivar para além do que são as minhas obrigações. Surpreender a um ponto extremo, isto é, tornar o impossível no possível ao conseguir estender-me a mão a milhas e mesmo assim tocar-me no poço mais fundo. Provar, provar que tudo é possível, que o mais negro pode ser coberto por uma simples surpresa na vida. Aqui está uma vida sem sentido a fazer sentido. Uma oportunidade... Um caminho... Uma força... Uma motivação... Uma estrela... 

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Eu achei... Eu achei...




Ridículo, isto é ridículo. Eu achei que não era real, que não estava acontecer, não podia acontecer. Achei que não era minimamente grave, que era passageiro, que era normal, que estava tudo dentro da normalidade. Achei que estava protegido, achei que estava abrigado, achei que estava seguro e saudável. Eu achei...
Não é o meu momento, nem tenho a minha previsão. Chama-se presente e realidade, significado de cada atitude. Não vale de nada fingir que não é verdade, ou tentar fintar o que está acontecer. Não diminuirá a dor. A chama não está apagada, a vela desapareceu. Escondida em algures por aí, talvez mais perto do que o que os meus olhos atingem. Sou conduzido por essa chama que não existe, conselhos, e por mim próprio pela forma que vou à guerra. Faço-me forte e respeito o meu ser. Luto contra o que de mal tenho, e fujo até ao que ocupar o pensamento. Um brinquedo ou uma tarefa, não importa, desde que me desmaie por o tempo que seja capaz. Uma preocupação arrasta outra, um problema aumenta a gravidade do outro... Vento arrasta o ar, as ondas arrastam a água, e a realidade arrasta-me até ao nada. Porquê eu? Porquê tão cedo?
Estou a perder o meu próprio amor, estou a perder as minhas vontades, os meus desejos, os meus objectivos, estou a perder as minhas capacidades. Quando tencionas devolver tudo o que me pertence e deixar-me viver? Tu sim, vida. Perdi a beleza do céu e a noção do chão. Perdi o que de melhor tinha e fui cegado. Pedi uma transformação, uma atitude e sorte, e o que consegui encontrar foi sempre mais um pedaço a desistir de mim. Pedaços desfazem-se em pedaços, e esses pedaços puxam outros pedaços. Às vezes a luz força-te a fechar os olhos. Às vezes a dificuldade visual força-te a chegar mais perto. Às vezes a vida força-te a perceber que há diferença entre a tristeza e o não conseguir aguentar o teu próprio estado. A vida força-te sempre a alguma coisa, e quando não tens escolhas, complicou. Era mais fácil de entender se soubesse do que falo, do que sinto... Se não fosse imaginação e conseguisse falar sem ter de virar costas. Se fosse capaz de me cuidar e saber o que dizer. Se fosse capaz de aceitar-me e aguentar-me. Se fosse capaz de puxar o tempo até mim e ir com ele até ao que me pertence. Eu achei que era capaz de te proteger, de me proteger. Eu achei...