terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Despedida



Quem te procura na verdade? Nesta perdição inconsciente que até as memórias sublinham. Seria básico demais eu pedir um gelado como lembrança, ou um rebuçado como despedida. Na verdade, seria tipicamente desastroso para mim pedir um gesto distanciado, pedir um acto de carinho, como desculpa ou recompensa de outros tempos perdidos. Sinto que já é tão ultrapassado que nunca o será, e é tão impossível quanto um verdadeiro resumo com oito letras. Não consigo, honestamente, não consigo sentar me em qualquer lugar e explicar para alguém o porquê de eu sentir tudo isto de forma tão intensa. Não consigo entender muito bem, isto de fugir ao que me dói e ser um possuidor de boa disposição, isto de sentir me uma infantilidade e uma explosão de personalidade, isto de inúmeras vezes encontrar me com o meu lado mais bonito em termos de atitudes, de iniciativas de bondade. As despedidas levam-me a fazer parte de uma cena dramática de verdade, por momentos, fico desfeito em pedaços do desconhecido que sou. São momentos como estes que me recuam no tempo, nas lições, nos erros,  nas injustiças, e fazem-me refletir sobre as minhas capacidades de equilíbrio. Fico assim capaz de falar, num tal momento específico, sou eu capaz de, sozinho, fazer me entender que aqui estou eu. Como sempre, acabo por aperceber me que ainda não é tarde para escrever como haveria de recompensar me a mim próprio. E aí, eu questiono a minha posição, será que mereco o que sou? As pessoas que, de verdade, conquistei? Será que eu mereço as minhas vitórias? As minhas derrotas? 

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Um amor em meio coração



Parei em algures, e por mera rotina esvaziei a caixa do correio e bati a porta de vidro. Pus-me a escrever, escrevi, escrevi e escrevi. Depois de tantas folhas amassadas, passei a dar valor ao que amo, ao facto de ser amado, e a tudo aquilo que foi positivo intencional. E na minha inocência, não conseguia acreditar no que estava a ser escrito. Só isso já era uma razão suficientemente morta para eu não sobreviver das pobres ideias, quanto mais conseguir assimilar e conciliar, sem passar pela questão de sentir-me firme. Não há entregas que nos formem, mas eu formei-me pela minha má entrega. Fez-se assim uma madrugada inteira, uma ou centenas, e senti a canseira de quem escreve e reescreve. Não é que a escrita canse, não cansa, mas bater no que de mais fraco é, partindo de vários pontos, abala toda a noção do que é dia e do que é noite. Optei pela insistência como se estivesse realmente certo, quando na verdade faltou sempre uma valente dose de consciência, pois eu não tinha noção de quanto mau era o que  tinha para escrever. É complicado, assumir uma fraqueza, para além de muitas outras, uma fraqueza humana. Lidar com isso, já me formou, pela má entrega, pela fraqueza humana, pelo sacrifício de superação. São dezenas de sentimentos incontroláveis que transmitem os sinais de humanidade, de sensibilidade, e o mais difícil é ser capaz de mover-me e iniciar uma luta com certeza e sentido. Eu, perante todas as palavras que já escrevi, fico à espera a madrugada inteira, pelo momento em que me falte a vontade de te escrever. Sinto que o tempo está a desenrolar-se sobre um resgate, e às vezes eu não sei muito bem se é isso que quer transmitir, mas uma certeza pelo menos, eu tenho. Jamais saberei acreditar nas impurezas de um sentimento, não consigo desfazer um amor em meio coração, não consigo perceber o sentimento de saudade por cima do desprezo, e isso já é suficiente para remover qualquer das milhares palavras escritas.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Boa noite



Em todos os momentos da tua vida vais sentir a minha mão sobre a tua, pretendo estar sempre presente quando precisares e não precisares, para te ver ser feliz e a superar as dificuldades, sempre. O que eu vejo é o que sinto, um caminho longo pela frente, com muitas cabeçadas na parede e com muitos mais momentos lindos os dois, juntos. Não conto com uma desilusão, pode tudo em frente correr mal, mas nós? Bem, nós não imagino correr mal, não vejo nada acontecer fora dos planos.
 Tenho noção, de que nos vamos chatear, muitas vezes e sinceramente assim espero, porque isso sim, é correr certo, como uma verdadeira relação. Não vou aceitar todas as tuas decisões e escolhas de consciência leve, assim como tu podes não aceitar certas coisas que eu faça, é normal. Fico feliz quando corre algo mal e de seguida o que construímos até hoje, ou seja, o sentimento leva-nos rapidamente um até ao outro, e de repente, estamos bem de novo. Tenho perfeita noção que isso é normal, e sinceramente? Tudo vai valer a pena, enquanto tu seguras tudo enquanto estamos bem, fazes reviver e viver feliz, eu seguro enquanto estamos mal, não faz parte de mim ser assim, mas contigo? bem contigo é diferente, porque não há braço a torcer, há uma irmã que eu quero ver ser feliz e a sair-se sempre bem de tudo, quero-te ver crescer e tornares-te numa mulher, uma verdadeira mulher!

27 Outubro de 2013