quarta-feira, 17 de maio de 2017

Já vai para além de duas dezenas de ensinamentos, escritos de forma salvadora, em momentos pontuais da vida. Momentos onde adormeci e acordei, repetitivamente, de um mundo que é meu. São realmente muitas as primaveras distintas, recheadas e vazias  de intencionalidades de toda gente e ninguém. Atingido de todo lado ou nenhum, desse lugar em que estive, que é longe ou aqui mesmo. Do género de quando alguém se senta em frente a nada e vive tudo em segundos. Do género de quando alguém lava as ideias com um poder de descoloração, significativo o suficiente, para que até o sol tema. Do género de quando te sentes tão apertado, que o espaço parece um egoísmo tremendo, por ser meu, afinal só meu. Iludida esta rotina, de cansaço otimista, em busca do retrato por desenhar. Creio que se trata de uma procura que não existe, e essa mesma leva me a resumir os dias e momentos de forma simples, como quem fala de uma vida milionária, carregada de tudo e mais qualquer coisa. Nessa precisa descoloração, estarei eu desenhado a rigor numa tela imaginária, ainda com a oportunidade de preencher os espaços onde ainda pode tocar o lápis. E é confuso perceber que é praticamente inevitável isso acontecer, dá a ideia que vivemos numa balança descontrolada, onde a tristeza e a felicidade é dependente da nossa identidade, da nossa personalidade, para além dos reais motivos que provoquem os desequilíbrios. Salvar o que sou, é escrever me num papel e dizer mo sem que sequer exista uma única voz, nem mesmo a minha. E isso para mim, faz todo sentido porque foi assim que me conheci, naquela que foi a primeira vez que escrevi sem uma direção humana.