terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Mão Cheia

 Faz hoje uma mão cheia de meses que escrevia sobre o dia negro, que o desenhava em letras. Neste momento, com um pesar resultante de uns dias mais cansativos,  vejo que é absolutamente fascinante o quão diferentes emoções podem provocar, as mesmas palavras, escritas por nós, no espaço de meio ano. 

Lá no fundo, no último degrau de madeira, com os pés já na areia e ouvir o mar que quase não via com tanta escuridão, prometi a mim mesmo que iria escrever até sentir me melhor comigo mesmo, naquela noite, ia fazê lo até sentir que já compreendia um pouco melhor o que estava acontecer comigo, sem grandes restrições, sem grandes rodeios. A verdade é que hoje, poderia parecer exagerado o que eu escrevi, mas não é... Poderia parecer imaturo, mas não é. Saber ver o lado bom, é a parte mais interessante desta retro perspectiva, contudo eu continuo a pôr o lado consciente na linha da frente. Quero com isto dizer, que fico contente comigo por saber aceitar que perdi, por entender o que perdi e quando o perdi, e mais importante, o que ganhei com isso. Sem rodeios, foi o amor próprio que me trouxe aqui, foi esse o resultado de um acto consciente, de uma tristeza arrastada até sempre, foi esse. O que trago dessa noite, do dia mais triste, é um pouco de dor, um pouco de escuridão, um pouco de frio, vazio e um pouco de orgulho. Os maus momentos vão pesar sempre que a vida encostar nos à parede, porque eles são feitos sempre das pessoas que mais gostamos, e essas pessoas, nunca saíram da nossa história. Sinto que é normal isso acontecer, passem cinco meses, passem cinco anos. Agradecido por ter feito o caminho como fiz, ter escalado sem olhar para nada além do que estava à minha frente, especialmente por estar cá a fazer esta análise só porque estou um pouco desgastado. Sofrer o passado faz parte do que somos, o importante é saber aceita lo, é saber continuar a luta pelo bem estar e objetivos.