sábado, 5 de abril de 2014

Quem sou eu?



Afinal quem sou eu?
Rasgo folhas onde mais tarde sei que vou querer escrever. Risco linhas onde sei que vou querer sublinhar. Fujo do ar que me mantêm vivo, porque esse mesmo mata-me.

Sou o meu próprio monstro, o meu próprio inferno, o meu próprio desgaste, o meu próprio sufoco, a minha própria dor... 
O que faço eu por aqui?
Pinto vazios, inspiro desconforto e expulso a minha vida. Fecho as portas às acaricias e abro caminho até aquela montanha mais afastada da humanidade, até ao ponto mais alto, mais longe de tudo e de todos.
Lei-o o que me aterroriza e morro. Morro aqui, ali, agora ou daqui a pouco, e não renasço. Quando aparentemente estou viver, estou simplesmente a viver do que foi aparente, porque vem-me buscar de novo.... Leva-me para os caminhos escuros, leva-me de volta para o nada, mais uma vez. 
Renascer é o objectivo, mesmo que seja incompreensível para o mundo, mas renascer é o objectivo. Embora o preço a pagar seja sempre tão alto, tão alto, tão alto. 
Apetece-me entrar num barco, e remar, remar sem orientação. Remar, para longe daqui. Enfrentar os riscos e as fortes correntes do mar. Perder mais a noção da realidade, e viajar, perceber a que mundo pertenço eu. Faz tanto frio, tanto frio cá fora e cá dentro. Estou congelado.
Tenho tanto medo de perder na vida, como de esperar por aquele rapaz que, possivelmente, já  não sou mais. 

4 comentários:

  1. uau , só isso. Adorei completamente.

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  2. Liiiindo :)

    r: Woow, fiqui sem palavras, muito obrigada pelo teu comentário tão querido.

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  3. p.s: Patrick watson é sempre fantástico de se ouvir. Grande escolha

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  4. Todos somos o nosso proprio monstro mas também somos a nossa propria força, o nosso proprio amor. E remar para longe, apenas é a melhor solução na cabeça. Tu és o rapaz que está aqui, deste lado, neste pequenino pedaço de terra. E não és o rapaz que eras mas és ainda melhor, ainda maior.
    Adorei o texto.

    Um beijinho

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